quinta-feira, 21 de maio de 2009

Drummond, me socorra!

Quando as coisas escurecem e percebo que a vida está passando sem que eu sinta...
Quando o excesso de atividades acadêmicas turbilham meu pensar...
Quando o agito frenético destes dias tenta corromper minha simplicidade. Então paro. e me delicio com um bom livro...Nada melhor! Atividade prazerosa roubada durante estes anos de formação... Falta pouco, muito pouco!

CONSOLO NA PRAIA
Vamos, Não chores
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te _ de vez _ nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

(Carlos Drummond de Andrade)

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